quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Gostei


Gostei de ouvir ontem à tarde Pedro Passos Coelho dizer no Parlamento que da última vez que aí tinha estado, afinal, tinha falado de mais – a propósito da dívida da Madeira e do respectivo plano de recuperação, ou lá como vai ser chamado. Teve a humildade (e a «frontalidade», palavra sua) de assumir um erro. Está a aprender. Agiu de forma diferente da do dia em que no mesmo sítio anunciou a imposto extraordinário de 50% sobre o subsídio de Natal. Nessa altura, se a medida era inevitável (como as coisas estão, e com a falta de informação que temos, admito que era, mas certezas nem me atrevo a ter sobre o assunto), se era inevitável, ia eu dizendo, pedia desculpa por tudo o que tinha andado a apregoar na campanha eleitoral, com o cúmulo daquela cena lamentável numa escola de Vila Franca de Xira, e depois de pedir desculpa fazia o anúncio. Mas não. Comportou-se então como um vulgar mentiroso. Por isso, agora, gostei da atitude. Demonstra que tem capacidade para aprender com os próprios erros, coisa que, como se sabe, não está ao alcance de toda a gente.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

domingo, 18 de setembro de 2011

Rima tripla

Nas contas públicas, o desvio colossal era afinal era um desvio no Funchal.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Político e mentiroso

Tirado de um artigo que estou a editar: «Não têm que ser sinónimos: 'político' e 'mentiroso'; mas é um facto que a maioria das pessoas que nos têm governado é mentirosa.»

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Sesta de sábado

Lembrei-me do primeiro-ministro

«– Hoje mente-se a sorrir. Antigamente, como dizia o Guerra Junqueiro, mentia-se com o coração nas mãos. Era mais comovente. Mentia-se, mas as pessoas ainda acreditavam. Ainda havia dignidade na mentira. Hoje a mentira é um valor. Compra-se e vende-se. Acha que sou um pessimista? É porque sou português.»
Excerto de «Ela Cantava Fados» (páginas 108 e 109), de Fernando Sobral – edição Quetzal, 2011

sábado, 10 de setembro de 2011

A namorada

A este, cá para mim, o Carvalho da Silva roubou alguma namorada quando andavam na escola.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Fiquei na dúvida

Reunião numa das escolas dos meus filhos, a deixar-me a pensar no estado, ou Estado, a que chegámos. O que vale é a boa vontade de professores, auxiliares, pais e inclusive pessoas das autarquias. Tinha uma excelente impressão do ministro Nuno Crato, do que lia dos seus escritos e de ouvi-lo falar. Construí essa excelente impressão ao longo dos anos. Mas depois daquilo a que assisti fiquei na dúvida sobre se não será, afinal, um gestor inepto ou até, o que é pior, um mandrião. Não se trata apenas de cortar em tudo e mais alguma coisa, não, é algo bem diferente, é deixar a maior parte das situações por resolver ou inclusive criar problemas onde não se esperava que existissem. E outra coisa que me surpreendeu, aquilo que se diz frequentemente de muitos desempregados não quererem trabalhar, apesar das propostas que recebem através do Instituto de Emprego: o próprio instituto dificulta a colocação das pessoas, nalguns casos apoiado em legislação completamente idiota, e aqui o problema não é o dinheiro, obviamente. De qualquer forma, a falta de dinheiro é algo que não devemos esquecer, porque no país ele falta mesmo e se calhar no futuro ainda faltará mais. Qualquer dia, quem sabe, ainda teremos de considerar deixar de pagar a reforma ao Marques Mendes, adiando-a para bem depois de 2020, quando o homem tiver chegado aos 65 anos. E como a ele a tantos outros, de diversos partidos, velhos precoces na casa dos 50 ou nalguns casos nem nessa, ainda na dos 40. Não sei se os especialistas em demografia conseguem explicar isto; na volta conseguem e eu é que tenho andado desatento.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Haja esperança

Nem todos os serviços nacionais de saúde estão na falência. Veja-se por exemplo este, referido no «Estatuto Remuneratório e outros Direitos dos Deputados»: «Relativamente a cuidados de saúde, a Assembleia da República dispõe de um Gabinete Médico e de Enfermagem, ao qual compete prestar cuidados médicos e de enfermagem gerais ou de emergência aos deputados e pessoal da Assembleia da República. Assim, no decorrer das sessões plenárias há um médico em permanência no Gabinete. Nos restantes dias, os médicos prestam consultas em horários específicos e a prestação de cuidados de enfermagem é assegurada todos os dias durante as horas de expediente./ O Parlamento dispõe, também, de um seguro de grupo para todos os deputados, que inclui um seguro de saúde.»

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Entrevista no Irão

Esta noite, em directo.
Pergunta da jornalista da RTP Márcia Rodrigues: «Qual a sua opinião sobre o apedrejamento?»
Começo da resposta de Marmud Armadinejad, presidente do país: «Faz alguma diferença a forma como se mata as pessoas?»

Questionar o presente e o futuro

«Como é possível manter um governo em que um primeiro-ministro mente?»
Pedro Passos Coelho, na sua conta do «Twitter», antes de chegar a primeiro-ministro

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Palavras para quê?

À mesma hora


Com o telemóvel a tremer, numa pista algures no Alentejo, esta noite. À mesma hora em que na televisão, presumo, havia quem discutisse os impostos, as falsas promessas, os sonsos, as mentiras, o 25 de Abril da economia, as idas para a rua, o desleixo, as facturas que afinal foram pagas, os espiões, as ligações brasileiras, os aventais, a Madeira, a insensibilidade, um olhar vesgo e impassível, as troikas, os bancos, as baldroikas, os cortes, os tachos e até, entre tantas outras coisas, como não poderia deixar de ser numa segunda-feira à noite, o futebol.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Por e-mail


Em vez de conferências de imprensa, o ministro das finanças, Vítor Gaspar, devia limitar-se a mandar para a comunicação social um e-mail com as medidas acabadas de decidir (enfim, com as intenções mais ou menos genéricas, pois medidas concretas parece difícil…). Já sei que cada pessoa tem a sua própria maneira de falar, mas a dele desmotiva qualquer país. Podia falar da descida do IVA para cinco por cento que ia soar ao mesmo que os anúncios de ontem.