domingo, 27 de fevereiro de 2011

Em branco

O Sporting... Agora foi o treinador Paulo Sérgio a sair, como se esperava. Na altura em que JEB foi para presidente (não ponho aqui o nome de tal praga rogada ao meu clube), escrevi que tudo iria acabar mal. Um exercício óbvio de previsão, tendo em conta a figura (ou a praga). Vêm aí eleições. Nem sei bem o que pensar. José Saramago, se fosse vivo, talvez pudesse escrever uma sequela do «Ensaio Sobre a Lucidez». Já sei que se poderia falar do «Ensaio Sobre a Cegueira» (ou inclusive não meter o nosso Nobel nisto e ir buscar livros como «Elogio da Loucura» ou «Tertúlia de Mentirosos»), mas parece-me mais indicado uma história sobre o voto em branco.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Só mesmo uma criança

Há uns dias o meu filho perguntou-me quem era o novo jogador do Sporting. Respondi-lhe que era o Cristiano. E ele, com a maior das naturalidades, fez outra pergunta: «Ronaldo?» Eu disse que não, que era apenas o Cristiano. E fiquei a pensar que só mesmo uma criança de seis anos pode ter alguma esperança nos insuportavelmente incompetentes dirigentes do meu clube.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Carta aberta àquele que foi o pior presidente da longa história do Sporting Clube de Portugal

Caro JEB
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Trato-o assim, usando apenas as três letras de uma sigla que nunca cheguei a perceber quem arranjou, só para não ter de escrever um nome – o seu – que ficará para sempre ligado ao pior da história do Sporting.
Escrevo-lhe esta carta porque hoje é o dia, segundo creio, em que você deixa definitivamente o clube depois da demissão pela qual há tanto tempo milhares e milhares de sportinguistas aguardavam. Eu não podia deixar de assinalar este dia.
Daqui para a frente, espero que nunca se esqueça disto: você foi mesmo o pior, e o que mais nos envergonhou. Se for preciso, escreva num papelinho e ande com ele sempre na carteira, e procure ganhar o hábito de lê-lo com regularidade. Para que tenha sempre presente que você foi mesmo a pior coisa que alguma vez podia ter acontecido ao Sporting.
Quero também dar-lhe uma explicação sobre a palavra que usei no início desta carta («caro»). Não o fiz, obviamente, por qualquer tipo de consideração que tenha por si, pois consideração por si estou bem longe de ter nem que seja só um bocadinho. O que você fez ao Sporting merece algo muito diferente de consideração. Você fez-nos muito mal, e além disso – faço questão de repetir – envergonhou-nos como nunca antes alguém nos havia envergonhado. Jorge Gonçalves, um presidente também de má memória que tivemos e que ficou conhecido por usar longos bigodes, ao pé de si merecia já não digo uma estátua à entrada do nosso estádio, mas pelo menos um busto (veja lá, por isso, o tamanho da vergonha que você nos tem feito passar desde que desgraçadamente nos saiu ao caminho…). Usei o «caro» antes da sigla JEB por causa do que você nos custou mês após mês. Você foi um presidente demasiado caro, ou antes, demasiadíssimo, se é que a palavra existe. A cada dia que passava consigo a presidente, o Sporting devia tê-lo multado por tudo o que você ia fazendo de mal. Mas não, nunca o multou, e você ainda recebia um salário de várias dezenas de milhares de euros no fim de cada mês. Por isso, aqui, eu só podia mesmo começar por tratá-lo por «caro».
Depois de si no Sporting, fica-se com a sensação de que o clube já passou pelo que de pior lhe poderia acontecer. O dia 14 de Fevereiro devia ficar marcado no calendário leonino. O dia em que nos livrámos do pior presidente de uma longa história. E aos sportinguistas mais jovens, nesse dia, poderiam os outros passar a falar das suas figuras enquanto presidente do nosso clube. E dizer-lhes: «Vêem o que ele fez?! Pois fez sempre o contrário do que devia ter feito.»
Pelo Sporting, peço-lhe, nunca mais se meta no nosso caminho!

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Nas bifanas

Sexta à noite. Regresso tardio de Lisboa com paragem em Vendas Novas para jantar a correr numa das novas casas de sopas e bifanas. A um canto, quatro tipos de fato preto. Veio-me à ideia que podiam ser do FMI ou de outra instituição qualquer, desde que parecida; foi logo ao entrar, como se na mesa houvesse indicação de ela estar reservada exactamente para o FMI (ou para outra instituição qualquer, desde que parecida). Nenhum dos quatro dispensava o computador portátil, e isso tornava a arrumação das comidas em cima da mesa uma coisa muito mas mesmo muito complicada. O que parecia valer é que não tinham pedido sopa, iam só mesmo pelas batatas fritas e, obviamente, pelas bifanas (a que um, nos elogios que fazia em inglês por vezes técnico, se referia, baixinho, como «peculiar hamburger»). Mesmo com os computadores, não dispensavam as máquinas de calcular, dando-lhes uso de cada vez que metiam as manápulas nas pastas e retiravam papéis para juntar à pilha que se tinha já formado no centro da mesa. Pastas pretas como os fatos, e folhas brancas cheias de números pretos e nalguns casos vermelhos e a bold. Aquele que parecia ser o chefe, bem mais velho do que os outros, de cada vez que lhe confirmavam um número abanava a cabeça energicamente mas com uma expressão desalentada que não condizia nada com a rapidez dos movimentos. Tipo estanho… Claro que salpicava os colegas com o molho da bifana, mas eles, estranhamente, não protestavam. Percebiam as nódoas nas camisas brancas e nas gravatas, mostravam desagrado por caretas momentâneas, mas não diziam nada. Saíram os quatro ao mesmo tempo que eu e meteram-se em direcção a Lisboa, num Jaguar preto com motorista de cartola.
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terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

No Cairo

Para ajudar a compreender o que vai acontecendo por estes dias no Cairo. Via blog «A Origem das Espécies». Apenas um pormenor em que eu já tinha reparado na altura da publicação do livro, a capa é linda.

Cada vez mais...

Cada vez mais tem sido assim nos dias de eleições. Impressiona-me a naturalidade com que tantas pessoas votam em corruptos, chulos e aldrabões. Até em verdadeiros canalhas. A mesma naturalidade com que soltam um bocejo, até a mesma naturalidade com que a cada momento respiram, sem darem por isso, simplesmente.