sábado, 19 de janeiro de 2008

Um jogo especial

O Sporting recebe hoje, para a Taça de Portugal, o Lagoa. É um jogo especial para mim, por ser a visita de uma pequena equipa de perto da minha terra ao estádio do meu clube, mas principalmente por representar o regresso aos grandes jogos daquele que nos anos oitenta eu considerava como o melhor guarda-redes português, Mendes, que depois de se transferir do Espinho fez carreira no Portimonense (a foto é desse tempo). É o treinador do Lagoa, e agora é conhecido por Joaquim Mendes; tem a acompanhá-lo na equipa técnica outro antigo jogador do Portimonense daqueles tempos, Balacó, um defesa central baixo e forte que talvez tenha sido o mais incansável lutador que eu vi naquela posição (também chegou ao Portimonense saído do Espinho).
Naqueles tempos, eu fazia de cabeça a minha selecção portuguesa. Sem grandes preocupações em arrumar os jogadores com alguma táctica. Nos quatro defesas ainda havia lógica (João Pinto, Humberto Coelho, Venâncio e Inácio), mas depois, no meio-campo (Carlos Manuel, Oliveira e Chalana) e no ataque (Nené, Jordão e Gomes), era quase como juntar dois grupos com aqueles que como médios e como avançados me pareciam os melhores. E depois, o guarda-redes; eu não tinha dúvidas, era o Mendes, do Portimonense, baixo mas muito ágil, capaz de fazer as defesas mais inesperadas. Na selecção, sobretudo na primeira metade da década de oitenta, jogava o Bento, sempre indiscutível até à lesão no Mundial do México, e o Damas era o suplente. Houve também umas tentativas de meter dois guarda-redes do Porto (um que para a época era um gigante – Amaral – e o estranhíssimo Zé Beto, que depois morreria num acidente de automóvel), mas quando chegava a hora da verdade (convocar um terceiro guarda-redes, como aconteceu no Europeu de 1984 e no Mundial de 1986) a solução era sempre o guarda-redes do Belenenses Jorge Martins, um guarda-redes alto e forte que dava a ideia de não se conseguir mexer na baliza mas que depois fazia defesas incríveis.
Quanto ao Mendes do Portimonense, lembro-me particularmente de um jogo em que fez defesas absolutamente extraordinárias. Ele e o guarda-redes contrário, que depois haveria de chegar também ao Portimonense para os dois alternarem na baliza (Vital, que como Mendes era baixo). Mendes ainda jogava no Espinho (primeira divisão) e Vital no Lusitano de Évora (segunda divisão). O jogo era para a Taça de Portugal, em Évora, e acabou empatado a três golos, tendo de ser disputado um segundo jogo em Espinho, do qual não me lembro o resultado (mas deve ter ganho o Espinho). A televisão mostrou um resumo alargado; apesar de sofrerem três golos cada um, os guarda-redes fizeram exibições extraordinárias, tal como as equipas, tanto que no dia seguinte apareceu um título num dos jornais desportivos («Gazeta dos Desportos») de que nunca mais me esqueci: «Não podem passar os dois?»

1 comentário:

Anónimo disse...

fico contente pelos elogios,

sinceros cumprimentos

joaquim mendes

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