sábado, 7 de julho de 2007

A promiscuidade entre a política e o futebol

A imagem aqui ao lado é uma parte de uma foto divulgada no blog «Mons Cicus». Lá se conta uma estranha (provavelmente inédita não só em Portugal mas em todo o mundo) história de promiscuidade entre a política e o futebol. Em três posts (1, 2 e 3) pode-se ficar a perceber não direi tudo, mas boa parte deste caso que só não surpreende quem não conhece aquilo que é a política em Monchique, ou melhor, que tem sido no último quarto de século de regime «ditutarial».
Na última reunião da Assembleia Municipal, o presidente da câmara apareceu com uma pasta de papelada sobre o assunto, esteve uma meia-hora em explicações e no final tentou decretar que estava tudo explicado e que não se falava mais no assunto. Depois dessa meia-hora, só se poderia fazer uma pergunta: «Importa-se de repetir?» Isto porque não deu para perceber nada da situação.
Muito resumidamente, os responsáveis do clube de futebol mandaram tirar a cortiça dos terrenos que envolvem o campo de jogos e venderam-na. Só que esses terrenos, embora o presidente da câmara diga que pertencem ao clube, parece que pertencem à câmara (um dos seus vereadores – seus dele, presidente – diz isso, precisamente o vereador que apresentou a proposta do post 3 referido ali acima).
Curiosamente, na reunião da Assembleia Municipal estava o presidente do clube (é deputado da maioria que suporta o presidente da câmara), mas não interveio – aliás, eu nunca assisti a uma intervenção dele desde que estou na Assembleia Municipal; como outros deputados da sua bancada, apenas faz sinal com o braço nas alturas de votação.
Esta posição do vereador que diz que os terrenos pertencem à câmara é uma novidade para mim. Nos meus tempos de vereador, ele, o presidente e o vice-presidente votavam sempre no mesmo sentido, invariavelmente contrário àquele que era defendido por mim e pelo meu colega (que completávamos o executivo, de cinco elementos). Aliás, das dezenas de propostas que fiz mais o meu colega (uma delas era para retirar ao presidente o uso de uma das duas viaturas que costumava conduzir – ou o carro ou o jipe), creio que só em relação a uma delas é que não tiveram lata para votar contra; era para não se fumar nas reuniões de câmara (fumavam os três até aí, e não sei se entretanto a prática já foi retomada). Mais surpresa ainda é a posição do vereador porque ele nas reuniões praticamente não intervinha, apenas votava, e muitas vezes nem isso; o presidente antecipava-se e dizia coisas do género «pronto, nós votamos assim» e a coisa seguia. A partir de uma certa altura, como aquilo já me chateava, comecei a protestar, para que o presidente deixasse os seus dois vereadores falarem, para que dessem opiniões, e a situação mudou um pouco; este vereador da proposta do post 3 parecia sentir necessidade de intervir, de dizer qualquer coisa, nem que fosse uma redundância qualquer. Mas continuavam os três a votar sempre no mesmo sentido, como se aquela união fosse inquebrável. Daí a minha surpresa com a actuação daquele vereador. O resto, como referi no início, não me surpreende absolutamente nada.

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